Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas
Situado na vigência do Regime Militar que governou o - ENEM 2015
Atualizado em 13/05/2024
Aquarela
O corpo no cavalete
é um pássaro que agoniza
exausto do próprio grito.
As vísceras vasculhadas
principiam a contagem
regressiva.
No assoalho o sangue
se decompõe em matizes
que a brisa beija e balança:
o verde – de nossas matas
o amarelo – de nosso ouro
o azul – de nosso céu
o branco o negro o negro
CACASO. In: HOLLANDA, H. B (Org.). 26 poetas hoje. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.
Situado na vigência do Regime Militar que governou o Brasil, na década de 1970, o poema de Cacaso edifica uma forma de resistência e protesto a esse período, metaforizando:
-
as artes plásticas, deturpadas pela repressão e censura.
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a natureza brasileira, agonizante como um pássaro enjaulado.
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o nacionalismo romântico, silenciado pela perplexidade com a Ditadura.
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o emblema nacional, transfigurado pelas marcas do medo e da violência.
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as riquezas da terra, espoliadas durante o aparelhamento do poder armado.
Solução
Alternativa Correta: D) o emblema nacional, transfigurado pelas marcas do medo e da violência.
O poema “Aquarela” metaforiza o medo e a violência em imagens que remetem à Bandeira Nacional, como o corpo torturado no cavalete, agonizando como um pássaro (referência ao tremular da Bandeira no mastro).
Além disso, as vísceras e o sangue em decomposição vinculam-se à morte, resultado das torturas pratica - das durante o Regime Militar no Brasil. Destaca-se a intertextualidade de “Aquarela” com o poema “Navio Negreiro” (Tragédia no Mar-VI), em que o “Auriverde pendão de minha terra/Que a brisa do Brasil beija e balança” também remete à perspectivas de atrozes injustiças e violentas ações praticadas no período de escravidão no Brasil.
Créditos da Resolução: Curso Objetivo
Área do Conhecimento: Linguagens Códigos e suas tecnologias
Ano da Prova: 2015
Nível de Dificuldade da Questão: Difícil
Assuntos: Poesia Marginal, Interpretação Textural, Literatura
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