Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas
— Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está - ENEM 2024
Atualizado em 31/01/2025
— Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota. Há lá ninguém que fale dessa forma!
Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os cacos da sua pequenina vaidade e replicou amuado que um artista não pode escrever como fala.
— Não pode? — perguntei com assombro. E por quê? Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode.
— Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.
RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2009.
Nesse fragmento, a discussão dos personagens traz à cena um debate acerca da escrita que
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diferencia a produção artística do registro padrão da língua.
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aproxima a literatura de dialetos sociais de pouco prestígio.
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defende a relação entre a fala e o estilo literário de um autor.
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contrapõe o preciosismo linguístico a situações de coloquialidade.
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associa o uso da norma culta à ocorrência de desentendimentos pessoais.
Solução
Alternativa Correta: D) contrapõe o preciosismo linguístico a situações de coloquialidade.
A alternativa D é a mais adequada porque, no diálogo entre os personagens, há uma clara oposição entre o estilo de escrita formal e a linguagem mais coloquial e espontânea. Azevedo Gondim defende que um escritor não pode escrever como fala, pois, segundo ele, "a literatura é a literatura", e a escrita deve ser mais cuidadosa e estruturada, afastando-se da informalidade da fala cotidiana. Essa perspectiva reflete o preciosismo linguístico, que preza pela norma culta e pela distinção da escrita literária em relação à linguagem falada.
Por outro lado, Paulo Honório, o outro personagem, questiona essa visão e expressa surpresa ao ouvir que um escritor não pode escrever como fala, sugerindo que a literatura poderia, sim, se aproximar da linguagem cotidiana. Isso cria um contraste entre a visão de Azevedo Gondim, que advoga pela escrita mais "refinada", e a de Paulo Honório, que prefere a simplicidade e a naturalidade da fala comum. Esse embate entre a norma culta e a coloquialidade é fundamental para entender o debate que ocorre no fragmento.
Portanto, a discussão entre os personagens é uma clara contraposição entre o preciosismo linguístico (a defesa da norma culta e da escrita formal) e as situações de coloquialidade (a linguagem mais simples e próxima da fala do dia a dia), o que justifica a escolha da alternativa D.
Área do Conhecimento: Linguagens Códigos e suas tecnologias
Ano da Prova: 2024
Nível de Dificuldade da Questão: Difícil
Assuntos: Gramática
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