Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

Expressam ideia de negação e ideia de repetição, - UNIFESP 2020

Atualizado em 28/09/2024

Leia a crônica “Inconfiáveis cupins”, de Moacyr Scliar, para responder a questão.

Havia um homem que odiava Van Gogh. Pintor desconhecido, pobre, atribuía todas suas frustrações ao artista holandês. Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis girassóis, aquelas estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes deformados, dizia, não poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador.
Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às telas de Van Gogh, onde quer que estivessem. Começaria pelas mais próximas, as do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Seu plano era de uma simplicidade diabólica. Não faria como outros destruidores de telas que entram num museu armados de facas e atiram-se às obras, tentando destruí-las; tais insanos não apenas não conseguem seu intento, como acabam na cadeia. Não, usaria um método científico, recorrendo a aliados absolutamente insuspeitados: os cupins.
Deu-lhe muito trabalho, aquilo. Em primeiro lugar, era necessário treinar os cupins para que atacassem as telas de Van Gogh. Para isso, recorreu a uma técnica pavloviana. Reproduções das telas do artista, em tamanho natural, eram recobertas com uma solução açucarada. Dessa forma, os insetos aprenderam a diferenciar tais obras de outras.
Mediante cruzamentos sucessivos, obteve um tipo de cupim que só queria comer Van Gogh. Para ele era repulsivo, mas para os insetos era agradável, e isso era o que importava. Conseguiu introduzir os cupins no museu e ficou à espera do que aconteceria. Sua decepção, contudo, foi enorme. Em vez de atacar as obras de arte, os cupins preferiram as vigas de sustentação do prédio, feitas de madeira absolutamente vulgar. E por isso foram detectados.
O homem ficou furioso. Nem nos cupins se pode confiar, foi a sua desconsolada conclusão. É verdade que alguns insetos foram encontrados próximos a telas de Van Gogh. Mas isso não lhe serviu de consolo. Suspeitava que os sádicos cupins estivessem querendo apenas debochar dele. Cupins e Van Gogh, era tudo a mesma coisa.

(O imaginário cotidiano, 2002.)

Expressam ideia de negação e ideia de repetição, respectivamente, os prefixos das palavras

  1. “deformados” e “repulsivo”.

  2. “insuspeitados” e “repulsivo”.

  3. “deformados” e “recobertas”.

  4. “repulsivo” e “recobertas”.

  5. “insuspeitados” e “deformados”.


Solução

Alternativa Correta: C) “deformados” e “recobertas”.

A alternativa C é correta porque analisa corretamente os prefixos das palavras "deformados" e "recobertas". O prefixo "de-" em "deformados" denota uma ideia de negação, pois se refere a algo que perdeu sua forma original, indicando uma deformidade. Assim, a palavra implica que os girassóis e ciprestes não mantêm a sua forma esperada, caracterizando-se como tortos ou desfigurados.

Por outro lado, a palavra "recobertas" contém o prefixo "re-", que expressa a ideia de repetição ou retorno a um estado anterior. Nesse contexto, significa que as telas foram cobertas novamente com uma solução açucarada, revelando o processo de treinar os cupins. Essa utilização do prefixo sugere uma ação que acontece uma segunda vez, reforçando a intenção de garantir que os insetos reconheçam as obras de Van Gogh.

Dessa forma, a escolha da alternativa C é justificada, pois as palavras mencionadas contêm prefixos que expressam, respectivamente, uma negação e uma repetição. Essa análise evidencia a habilidade do autor em usar a linguagem de forma precisa e eficaz para construir a narrativa.

Institução: UNIFESP

Ano da Prova: 2020

Assuntos: Interpretação Textual

Vídeo Sugerido: YouTube

Ainda não há comentários.

Autenticação necessária

É necessário iniciar sessão para comentar

Entrar Registrar

Apoie nosso trabalho!
Assine Agora