Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

Na última crônica da série “Bons dias!”, de 29 de - UNICAMP 2023

Atualizado em 13/05/2024

Na última crônica da série “Bons dias!”, de 29 de agosto de 1889, série na qual um tema são as questões gerais em torno do curandeirismo, o narrador enuncia:

“Hão de fazer-me esta justiça, ainda os meus mais ferrenhos inimigos; é que não sou curandeiro, eu não tenho parente curandeiro, não conheço curandeiro, e nunca vi cara, fotografia ou relíquia, sequer, de curandeiro. Quando adoeço, não é de espinhela caída*, — coisa que podia aconselhar-me a curanderia; é sempre de moléstias latinas ou gregas. Estou na regra; pago impostos, sou jurado, não me podem arguir a menor quebra de dever público.”


*espinhela caída: designação popular para doenças caracterizadas por dores pelo corpo (peito, costas e pernas), além de cansaço físico.

(ASSIS, Machado de. Bons dias! Campinas: Editora da UNICAMP, p. 295, 2008.)

Na “profissão de fé”, feita pelo narrador da crônica no parágrafo citado, percebe-se

  1. a distinção do narrador como uma figura avessa ao curandeirismo, por crença na ciência dos filósofos e pensadores gregos e latinos, o que marca o tom crítico da série.

  2. a caracterização do narrador como uma figura superior à população em geral, o que ecoa o tom analítico das crônicas dessa série.

  3. a repetição exagerada da palavra “curandeiro” (e “curanderia”) no trecho, como marca estilística da simplicidade linguística das crônicas dessa série.

  4. a personificação gerada por “quando adoeço (...) é sempre de moléstias latinas ou gregas”, como marca do estilo empolado do narrador nessa série de crônicas.


Solução

Alternativa Correta: B) a caracterização do narrador como uma figura superior à população em geral, o que ecoa o tom analítico das crônicas dessa série.

A profissão de fé do cronista, isto é, a defesa de uma tese, é a de rejeitar ironicamente o curandeirismo, prática que pretensamente parece curar males da crendice popular, mas é ineficaz contra as doenças codificadas. O cronista assume também um tom superior por “estar na regra”, “pagar impostos” e “ser jurado”. Essa postura crítica e zombeteira é recorrente em Bons Dias!

Resolução adaptada de: Curso Objetivo

Institução: UNICAMP

Ano da Prova: 2023

Assuntos: Crônica

Vídeo Sugerido: YouTube

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