Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

CESP/CEBRASPE - No que se refere a aspectos morfossintáticos do texto

Atualizado em 13/05/2024

Texto CG3A1-I



Antes de mais nada, há a liberdade suspensiva oferecida pela caminhada, mesmo que seja um simples passeio: livrar-se da carga das preocupações, esquecer por algum tempo os afazeres. Optamos por não levar o escritório conosco: saímos, flanamos, pensamos em outras coisas. Com as excursões de vários dias, acentua-se o movimento de desapego: escapamos das obrigações do trabalho, libertamo-nos do jugo dos hábitos. Mas em que aspecto caminhar nos faria sentir essa liberdade mais do que numa longa viagem? Afinal, surgem outras limitações não menos penosas: o peso da mochila, a duração das etapas, a incerteza do tempo (ameaças de chuva ou de tempestade, calor sufocante), a rusticidade dos albergues, algumas dores... Mas só a caminhada consegue nos libertar das ilusões do indispensável. Como tal, ela permanece o reino de poderosas necessidades. Para chegar a determinada etapa, é preciso caminhar tantas horas, que correspondem a tantos passos; a improvisação é limitada, pois não estamos percorrendo caminhos de jardim e não podemos nos enganar nos entroncamentos, sob pena de pagar um preço muito alto. Quando a neblina invade a montanha ou uma chuva torrencial começa a cair, é preciso seguir, continuar. A comida e a água são objeto de cálculos precisos, em função do percurso e dos mananciais. Sem falar no desconforto. Ora, o milagre não é ficarmos felizes apesar disso, mas graças a isso. Quero dizer que não dispor de múltiplas opções de comida ou de bebida, estar submetido à grande fatalidade das condições climáticas, contar somente com a regularidade do próprio passo, tudo isso faz, de pronto, que a profusão da oferta (de mercadorias, de transportes, de conexões) e a multiplicação das facilidades (de comunicar, de comprar, de circular) nos pareçam outras tantas formas de dependência. Todas essas microlibertações não passam de acelerações do sistema, que me aprisiona com mais força. Tudo o que me liberta do tempo e do espaço me afasta da velocidade.

No que se refere a aspectos morfossintáticos do texto CG3A1-I, julgue o item subsecutivo.

Se o vocábulo “objeto” (décimo período) fosse flexionado no plural — objetos —, a correção gramatical do texto seria prejudicada.

Frédéric Gros. Caminhar: uma filosofia. São Paulo:Ubu Editora, 2021, p. 13-14 (com adaptações).

  1. Certo

  2. Errado


Solução

Alternativa Correta: B) Errado

De início, recorde-se de que um período é sempre terminado em ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação ou reticências. Vírgula, ponto e vírgula e dois-pontos não marcam o fim de período. Ao se ler um fragmento, procure imediatamente os primeiros sinais de pontuação que citei e enumere a fim de você saber quantos períodos existem. A questão solicita o décimo. Identifiquemo-lo:

"Antes de mais nada, há a liberdade suspensiva oferecida pela caminhada, mesmo que seja um simples passeio: livrar-se da carga das preocupações, esquecer por algum tempo os afazeres. (1ª período) Optamos por não levar o escritório conosco: saímos, flanamos, pensamos em outras coisas. (2º período) Com as excursões de vários dias, acentua-se o movimento de desapego: escapamos das obrigações do trabalho, libertamo-nos do jugo dos hábitos. (3º período) Mas em que aspecto caminhar nos faria sentir essa liberdade mais do que numa longa viagem? (4º período) Afinal, surgem outras limitações não menos penosas: o peso da mochila, a duração das etapas, a incerteza do tempo (ameaças de chuva ou de tempestade, calor sufocante), a rusticidade dos albergues, algumas dores... (5ª período) Mas só a caminhada consegue nos libertar das ilusões do indispensável. (6º período) Como tal, ela permanece o reino de poderosas necessidades. (7º período) Para chegar a determinada etapa, é preciso caminhar tantas horas, que correspondem a tantos passos; a improvisação é limitada, pois não estamos percorrendo caminhos de jardim e não podemos nos enganar nos entroncamentos, sob pena de pagar um preço muito alto. (8º período) Quando a neblina invade a montanha ou uma chuva torrencial começa a cair, é preciso seguir, continuar. (9º período) A comida e a água são objeto de cálculos precisos, em função do percurso e dos mananciais. (10º período)

A flexão da palavra "objeto" não acarretaria erro gramatical, uma vez que a concordância no plural faria "objeto" concordar com ambos os núcleos a que reporta: "comida" e "água".

Resolução adaptada de: QConcursos

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Recebedor: Wesley Rodrigues

Banca Examinadora: Cespe/Cebraspe

Ano da Prova: 2022

Assuntos: Sintaxe

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