Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre - ENEM 2011
Atualizado em 13/05/2024
Guardar
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
A memória é um importante recurso do patrimônio cultural de uma nação. Ela está presente nas lembranças do passado e no acervo cultural de um povo. Ao tratar o fazer poético como uma das maneiras de se guardar o que se quer, o texto
MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
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ressalta a importância dos estudos históricos para a construção da memória social de um povo.
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valoriza as lembranças individuais em detrimento das narrativas populares ou coletivas.
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reforça a capacidade da literatura em promover a subjetividade e os valores humanos.
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destaca a importância de reservar o texto literário àqueles que possuem maior repertório cultural.
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revela a superioridade da escrita poética como forma ideal de preservação da memória cultural.
Solução
Alternativa Correta: C) reforça a capacidade da literatura em promover a subjetividade e os valores humanos.
A alternativa c, resposta oficial, é totalmente inaceitável, se tomarmos as palavras pelo que elas significam. Como pode um texto “reforçar a capacidade da literatura em promover a subjetividade e os valores humanos” quando o texto em questão se refere à/afirma a capacidade da literatura de preservar, guardar “o que se quer guardar”. Portanto, além da redação de imprecisão pífia, há uma extrapolação na especificação do conteúdo do guardável, pois o poema apenas enumera formas do guardar, sua única indicação de algo a guardar está nos versos “melhor se guarda o voo de um pássaro / Do que um pássaro sem voos” – o que está longe de autorizar a extrapolação do examinador quanto a “promover a subjetividade e os valores humanos”! A alternativa e contém imprecisão (“revela” onde se esperaria “afirma”), mas é a mais próxima do sentido do poema apresentado, incorretamente atribuído a G. (Gilka) Machado, quando na verdade é de Antônio Cícero (mais um indício da má qualidade deste teste).
Créditos da Resolução: Curso Objetivo
Área do Conhecimento: Linguagens Códigos e suas tecnologias
Ano da Prova: 2011
Nível de Dificuldade da Questão: Difícil
Assuntos: Tendências Contemporâneas
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