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Je ne parle pas bien* je ne parle pas bien je ne parle - UNICAMP 2024

Atualizado em 30/01/2025

Je ne parle pas bien*
je ne parle pas bien
je ne parle pas bien
je ne parle pas bien
eu tenho uma língua solta
que não me deixa esquecer
que cada palavra minha
é resquício da colonização
cada verbo que aprendi conjugar
foi ensinado com a missão
de me afastar de quem veio antes
nossas escolas não nos ensinam
a dar voos
[...]
reinvenção
nossa revolução surge e urge
das nossas bocas
das falas aprendidas
que são ensinadas
e muitas não compreendidas
salve, a cada gíria
je ne parle pas bien
[...]
o que era pra ser arma de colonizador
está virando revide de ex colonizado
estamos aprendendo as suas línguas
e descolonizando os pensamento

* Je ne parle pas bien, do francês, significa “Eu não falo direito”

(Fragmentos do poema Je ne parle pas bien, de Luz Ribeiro, publicado na Revista Opiniães: Revista dos alunos de Literatura Brasileira, n.10, 2017.)

Podemos afirmar que o uso repetido do verso Je ne parle pas bien no poema slam de Luz Ribeiro

  1. expressa a necessidade de repetir muitas vezes uma mesma sentença como forma de resistir ao esquecimento de uma língua.

  2. enfatiza a ideia de que a língua francesa do colonizador ainda não foi aprendida e precisa ser repetida várias vezes.

  3. é uma constatação de que, na posição de ex-colônia, não conseguimos aprender línguas estrangeiras.

  4. indica um posicionamento de resistência por meio de uma crítica à aprendizagem forçada da língua do colonizador.


Solução

Alternativa Correta: D) indica um posicionamento de resistência por meio de uma crítica à aprendizagem forçada da língua do colonizador.

A alternativa D é a correta porque o uso repetido do verso "je ne parle pas bien" (em francês, "eu não falo direito") no poema de Luz Ribeiro carrega um forte significado de resistência e crítica à imposição da língua do colonizador. A repetição não é apenas uma demonstração de dificuldade em falar o idioma, mas uma maneira de ressaltar a resistência ao processo de colonização linguística. O poema sublinha que a aprendizagem da língua do colonizador foi forçada, e o eu lírico se posiciona contra essa imposição, reconhecendo que as palavras e os verbos que aprendeu estão ligados ao distanciamento da sua cultura ancestral.

Além disso, ao afirmar que "cada verbo que aprendi conjugar / foi ensinado com a missão / de me afastar de quem veio antes", o texto reforça a ideia de que o ensino da língua foi um instrumento de dominação cultural, com o objetivo de apagar a identidade e as tradições dos povos colonizados. A repetição de "je ne parle pas bien" simboliza, portanto, uma recusa em aceitar plenamente a língua do colonizador, e a dificuldade em falar "bem" essa língua é transformada em um ato de resistência contra essa imposição.

As alternativas A, B e C não são adequadas porque não capturam o contexto de resistência e crítica. A alternativa A sugere uma luta contra o esquecimento de uma língua, mas não aborda a questão da colonização cultural. A alternativa B fala sobre a não aprendizagem da língua, mas não conecta isso com uma crítica à colonização. A alternativa C afirma que não se consegue aprender línguas estrangeiras, mas o poema não trata apenas dessa dificuldade, mas da resistência à imposição cultural.

Institução: UNICAMP

Ano da Prova: 2024

Assuntos: Interpretação Textual

Vídeo Sugerido: YouTube

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