Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas
FCC/TRT 23ª REGIÃO - Que os homens de bem deixem sempre clara a
Da ação dos justos
Em recente entrevista na TV, uma conhecida e combativa juíza brasileira citou esta frase de Disraeli*: “É preciso que os homens de bem tenham a audácia dos canalhas”. Para a juíza, o sentido da frase é atualíssimo: diz respeito à freqüente omissão das pessoas justas e honestas diante das manifestações de violência e de corrupção que se multiplicam em nossos dias e que, felizmente, têm chegado ao conhecimento público e vêm sendo investigadas e punidas. A frase propõe uma ética atuante, cujos valores se materializem em reação efetiva, em gestos de repúdio e medidas de combate à barbárie moral. Em outras palavras: que a desesperança e o silêncio não tomem conta daqueles que pautam sua vida por princípios de dignidade.
Como não concordar com a oportunidade da frase? Normalmente, a indignação se reduz a conversas privadas, a comentários pessoais, não indo além de um mero discurso ético. Se não transpõe o limite da queixa, a indignação é impotente, e seu efeito é nenhum; mas se ela se converte em gesto público, objetivamente dirigido contra a arrogância acanalhada, alcança a dimensão da prática social e política, e gera consequências.
A frase lembra-nos que não costuma haver qualquer hesitação entre aqueles que se decidem pela desonestidade e pelo egoísmo. Seus atos revelam iniciativa e astúcia, facilitadas pela total ausência de compromisso com o interesse público. Realmente, a falta de escrúpulo aplaina o caminho de quem não confronta o justo e o injusto; por outro lado, muitas vezes faltam coragem e iniciativa aos homens que conhecem e mantêm viva a diferença entre um e outro. Pois que estes a deixem clara, e não abram mão de reagir contra quem a ignore.
A inação dos justos é tudo o que os contraventores e criminosos precisam para continuar operando. A cada vez que se propagam frases como “Os políticos são todos iguais”, “Brasileiro é assim mesmo” ou “Este país não tem jeito”, promove-se a resignação diante dos descalabros. Quem vê a barbárie como uma fatalidade torna-se, ainda que não o queira, seu cúmplice silencioso.
* Benjamin Disraeli, escritor e político britânico do século XIX. (Aristides Villamar)
Que os homens de bem deixem sempre clara a diferença entre o que é justo e o que é injusto, e não abram mão de reagir contra quem a ignore. Não haverá prejuízo para o sentido e a correção da frase acima caso se substitua o segmento sublinhado por:
-
não se disponham de combater quem a desconheça.
-
não renunciem de combater àquele que nela se omite.
-
não deixem de se opor a quem não a leve em conta.
-
não renunciem em combater quem lhe finge desconhecimento.
-
não se furtem em tripudiar sobre quem a menospreze.
Solução
Alternativa Correta: C) não deixem de se opor a quem não a leve em conta.
A - não se disponham de combater quem a desconheça. ERRADA ( certo: não se disponham a ).
B - não renunciem de combater àquele que nela se omite. ERRADA ( certo: não renunciem a combater aquele que dela ).
C - CERTA.
D - não renunciem em combater quem lhe finge desconhecimento. ERRADA ( certo: não renunciem a combater quem lhes finge ).
E - não se furtem em tripudiar sobre quem a menospreze. ERRADA ( certo: não se furte a ).
Resolução adaptada de: QConcursos
Banca Examinadora: FCC
Ano da Prova: 2000
Assuntos: Interpretação de Textos
Vídeo Sugerido: YouTube