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Leia o trecho do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira. - UNIFESP 2020
Leia o trecho do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira.
O sapo-tanoeiro
[...]
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia
Mas há artes poéticas...”
(Estrela da vida inteira, 1993.)
No trecho, o “sapo-tanoeiro” representa uma sátira aos
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modernistas.
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românticos.
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naturalistas.
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parnasianos.
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árcades.
Solução
Alternativa Correta: D) parnasianos.
A alternativa D é correta porque o “sapo-tanoeiro” no poema de Manuel Bandeira satiriza a rigidez e o formalismo característicos do Parnasianismo. O uso do termo "tanoeiro" remete ao ofício de quem trabalha com barris, sugerindo um processo de burilamento excessivo e uma busca por perfeição estética que, na visão do autor, se torna superficial e vazia.
Bandeira critica a forma em detrimento da essência, evidenciando como a obsessão por regras métricas e rítmicas pode levar à estagnação da criatividade poética. Frases como “Meu cancioneiro é bem martelado” e “Faço rimas com consoantes de apoio” reforçam essa ideia de uma poesia mecanicista, que prioriza a forma sobre a emoção e o conteúdo.
Além disso, ao afirmar “Não há mais poesia, mas há artes poéticas”, o poeta enfatiza que, apesar da técnica apurada, falta profundidade e sentimento na produção parnasiana. A sátira se torna um manifesto em favor de uma poesia mais livre e expressiva, alinhada aos ideais modernistas que emergiam na época.
Institução: UNIFESP
Ano da Prova: 2020
Assuntos: Interpretação Textual
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