Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

O alvo principal da crítica contida no excerto é a) - UNESP 2016/2

Atualizado em 13/05/2024

Para responder às questões de 02 a 08, leia o excerto do “Sermão da primeira dominga do Advento” de Antônio Vieira (1608-1697), pregado na Capela Real em Lisboa no ano de 1650.


Sabei cristãos, sabei príncipes, sabei ministros, que se vos há de pedir estreita conta do que fizestes; mas muito mais estreita do que deixastes de fazer. Pelo que fizeram, se hão de condenar muitos, pelo que não fizeram, todos. [...]
Desçamos a exemplos mais públicos. Por uma omissão perde-se uma maré, por uma maré perde-se uma viagem, por uma viagem perde-se uma armada, por uma armada perde-se um Estado: dai conta a Deus de uma Índia, dai conta a Deus de um Brasil, por uma omissão. Por uma omissão perde-se um aviso, por um aviso perde-se uma ocasião, por uma ocasião perde-se um negócio, por um negócio perde-se um reino: dai conta a Deus de tantas casas, dai conta a Deus de tantas vidas, dai conta a Deus de tantas fazendas1, dai conta a Deus de tantas honras, por uma omissão. Oh que arriscada salvação! Oh que arriscado ofício é o dos príncipes e o dos ministros! Está o príncipe, está o ministro divertido, sem fazer má obra, sem dizer má palavra, sem ter mau nem bom pensamento: e talvez naquela mesma hora, por culpa de uma omissão, está cometendo maiores danos, maiores estragos, maiores destruições, que todos os malfeitores do mundo em muitos anos. O salteador na charneca com um tiro mata um homem; o príncipe e o ministro com uma omissão matam de um golpe uma monarquia. A omissão é o pecado que com mais facilidade se comete e com mais dificuldade se conhece; e o que facilmente se comete e dificultosamente se conhece, raramente se emenda. A omissão é um pecado que se faz não fazendo. [...]
Mas por que se perdem tantos? Os menos maus perdem-se pelo que fazem, que estes são os menos maus; os piores perdem-se pelo que deixam de fazer, que estes são os piores: por omissões, por negligências, por descuidos, por desatenções, por divertimentos, por vagares, por dilações, por eternidades. Eis aqui um pecado de que não fazem escrúpulo os ministros, e um pecado por que se perdem muitos. Mas percam-se eles embora, já que assim o querem: o mal é que se perdem a si e perdem a todos; mas de todos hão de dar conta a Deus. Uma das cousas de que se devem acusar e fazer grande escrúpulo os ministros, é dos pecados do tempo.
Porque fizeram o mês que vem o que se havia de fazer o passado; porque fizeram amanhã o que se havia de fazer hoje; porque fizeram depois o que se havia de fazer agora; porque fizeram logo o que se havia de fazer já. Tão delicadas como isto hão de ser as consciências dos que governam, em matérias de momentos. O ministro que não faz grande escrúpulo de momentos não anda em bom estado: a fazenda pode-se restituir; a fama, ainda que mal, também se restitui; o tempo não tem restituição alguma.

(Essencial, 2013. Adaptado.)

1 fazenda: conjunto de bens, de haveres.

O alvo principal da crítica contida no excerto é

  1. a falta de religiosidade dos governantes.

  2. a falta de escrúpulos dos religiosos.

  3. a preguiça da população.

  4. a negligência dos governantes.

  5. a luxúria dos religiosos.


Solução

Alternativa Correta: D) a negligência dos governantes.

No primeiro parágrafo, Vieira apresenta o tema do seu sermão: “pelo que não fizeram, [se não de condenar] todos”. No parágrafo seguinte, o autor delimita sua abordagem a “exemplos mais públicos” que estão ligados ao “arriscado ofício [que] é o dos príncipes e o dos ministros”, pois “com uma omissão matam de um golpe uma monarquia”. Dessa forma, entende-se que a critica do sermonista se volta para “a neglicência dos governantes”.

Resolução adaptada de: Curso Objetivo

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Recebedor: Wesley Rodrigues

Institução: UNESP

Ano da Prova: 2016

Assuntos: Literatura

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