Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

O eu lírico lança mão do recurso retórico conhecido com - UNIFESP 2024

Atualizado em 24/09/2024

Leia o soneto de Manuel Maria Barbosa du Bocage para responder a questão.

Nos campos o vilão1 sem sustos passa,
Inquieto na corte o nobre mora;
O que é ser infeliz aquele ignora,
Este encontra nas pompas a desgraça.

Aquele canta e ri; não se embaraça
Com essas coisas vãs que o mundo adora;
Este (oh, cega ambição!) mil vezes chora,
Porque não acha bem que o satisfaça.

Aquele dorme em paz no chão deitado,
Este, no ebúrneo2 leito precioso,
Nutre, exaspera velador cuidado3.

Triste! Sai do palácio majestoso:
Se hás-de ser cortesão, mas desgraçado,
Antes ser camponês e venturoso!

(Bocage. Poemas escolhidos, 1974.)

1 vilão: camponês.
2 ebúrneo: feito de marfim.
3 cuidado: preocupação, inquietação.

O eu lírico lança mão do recurso retórico conhecido como hipérbole no seguinte verso:

  1. “Nos campos o vilão sem sustos passa,” (1.a estrofe)

  2. “Triste! Sai do palácio majestoso:” (4.a estrofe)

  3. “Inquieto na corte o nobre mora;” (1.a estrofe)

  4. “Este (oh, cega ambição!) mil vezes chora,” (2.a es - trofe)

  5. “Antes ser camponês e venturoso!” (4.a estrofe)


Solução

Alternativa Correta: D) “Este (oh, cega ambição!) mil vezes chora,” (2.a es - trofe)

A alternativa correta é a D), "Este (oh, cega ambição!) mil vezes chora", porque a hipérbole é um recurso que utiliza o exagero para dar ênfase a uma ideia. Nesse verso, a expressão "mil vezes chora" intensifica a infelicidade do nobre, sugerindo que sua dor e sofrimento são tão intensos que parecem ser infinitos. Essa hipérbole enfatiza a frustração que acompanha a busca incessante por status e ambição.

O eu lírico contrasta a vida do nobre com a do camponês, que, embora menos abastado, vive em paz e despreocupado. A hipérbole aqui serve para reforçar a ideia de que a vida na corte, apesar de seus luxos, é repleta de inquietações e descontentamento, ao passo que o camponês vive uma realidade mais simples e feliz. Essa comparação entre os dois mundos é central para a mensagem do soneto.

Além disso, a utilização da hipérbole torna a crítica social mais impactante, permitindo que o leitor perceba a ironia na situação do nobre. O exagero da dor que ele experimenta em sua busca por ambição contrasta com a serenidade do camponês, sublinhando a ideia de que a verdadeira felicidade não reside nas riquezas materiais, mas sim na simplicidade e na paz interior. Assim, o uso da hipérbole contribui para o aprofundamento da crítica presente na obra de Bocage.

Institução: UNIFESP

Ano da Prova: 2024

Assuntos: Interpretação Textual

Vídeo Sugerido: YouTube

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