Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas
Segundo o texto, a única informação sobre Manuel Antônio de - FGV 2016
Texto para a questão
À margem de Memórias de um sargento de milícias
É difícil associar à impressão deixada por essa obra divertida e leve a ideia de um destino trágico. Foi, entretanto, o que coube a Manuel Antônio de Almeida, nascido em 1831 e morto em 1861. A simples justaposição dessas duas datas é bastante reveladora: mais alguns dados, os poucos de que dispomos, apenas servem para carregar nas cores, para tornar a atmosfera do quadro mais deprimente. Que é que cabe num prazo tão curto?
Uma vida toda em movimento, uma série tumultuosa de lutas, malogros e reerguimentos, as reações de uma vontade forte contra os golpes da fatalidade, os heroicos esforços de ascensão de um self-made man esmagado pelas circunstâncias. Ignoramos quase totalmente seus começos de menino pobre, mas talvez seja possível reconstruí-los em parte pelas cenas tão vivas em que apresenta o garoto Leonardo lançado de chofre nas ruas pitorescas da indolente cidadezinha que era o Rio daquela época. Basta enumerar todas as profissões que o escritor exerceu em seguida para adivinhar o ambiente. Estudante na Escola de Belas-Artes e na Faculdade de Medicina, jornalista e tradutor, membro fundador da Sociedade das Belas-Artes, administrador da Tipografia Nacional, diretor da Academia Imperial da Ópera Nacional, Manuel Antônio provavelmente não se teria candidatado ainda a uma cadeira da Assembleia Provincial se suas ocupações sucessivas lhe garantissem uma renda proporcional ao brilho de seus títulos. Achava-se justamente a caminho da “sua” circunscrição, quando, depois de tantos naufrágios no sentido figurado, pereceu num naufrágio concreto, deixando saudades a um reduzido círculo de amigos, um medíocre libreto de ópera e algumas traduções, do francês, de romances de cordel, aos pesquisadores de curiosidade, e as Memórias de um sargento de milícias ao seu país.
Paulo Rónai, Encontros com o Brasil.
Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014.
Segundo o texto, a única informação sobre Manuel Antônio de Almeida que não está correta é:
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Além de escritor, jornalista e tradutor, foi também, embora episodicamente, músico erudito.
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Sua tentativa de ingressar na política acabou contribuindo para levá-lo a um final trágico.
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No final do texto, fica implícita uma avaliação positiva do seu romance.
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Talvez tenha vivido, quando criança, algumas peripécias que guardam semelhança com as que fazem parte da história da personagem principal de seu romance.
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Os rendimentos que recebia em suas inúmeras atividades, provavelmente não eram compatíveis com os esforços que fez para ascender socialmente.
Solução
Alternativa Correta: A) Além de escritor, jornalista e tradutor, foi também, embora episodicamente, músico erudito.
Manuel Antônio de Almeida foi diretor da Academia Imperial da Ópera e fez um “medíocre libreto de ópera”. Frise-se que libreto “é texto a partir do qual são compostos óperas, oratórios ou cantatas” (Houaiss). No texto de Paulo Rónais, não há a mínima referência ao dom musical, erudito, desse literato.
Resolução adaptada de: Curso Objetivo
Institução: FGV
Ano da Prova: 2016
Assuntos: Interpretação Textual
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