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Os últimos quatro versos do poema rompem com a série de - FUVEST 2021
Psicanálise do açúcar
O açúcar cristal, ou açúcar de usina,
mostra a mais instável das brancuras:
quem do Recife sabe direito o quanto,
e o pouco desse quanto, que ela dura.
Sabe o mínimo do pouco que o cristal
se estabiliza cristal sobre o açúcar,
por cima do fundo antigo, de mascavo,
do mascavo barrento que se incuba;
e sabe que tudo pode romper o mínimo
em que o cristal é capaz de censura:
pois o tal fundo mascavo logo aflora
quer inverno ou verão mele o açúcar.
Só os banguês que-ainda purgam ainda
o açúcar bruto com barro, de mistura;
a usina já não o purga: da infância,
não de depois de adulto, ela o educa;
em enfermarias, com vácuos e turbinas,
em mãos de metal de gente indústria,
a usina o leva a sublimar em cristal
o pardo do xarope: não o purga, cura.
Mas como a cana se cria ainda hoje,
em mãos de barro de gente agricultura,
o barrento da pré-infância logo aflora
quer inverno ou verão mele o açúcar.
João Cabral de Melo Neto, A Educação pela Pedra.
Os últimos quatro versos do poema rompem com a série de contrapontos entre a usina e o banguê, pois
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negam haver diferença química entre o açúcar cristal e o açúcar mascavo.
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esclarecem que a aparência do açúcar varia com a espécie de cana cultivada.
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revelam que na base de toda empresa açucareira está o trabalhador rural.
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denunciam a exploração do trabalho infantil nos canaviais nordestinos.
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explicam que a estação do ano define em qualquer processo o tipo de açúcar.
Solução
Alternativa Correta: C) revelam que na base de toda empresa açucareira está o trabalhador rural.
O “banguê” é associado à manufatura, ao trabalho artesanal com a cana, para produzir a rapadura. Já a “usina” é marcada pela presença da máquina, da produção industrial. Entretanto, nesses dois sistemas, mantém-se a precariedade existencial do trabalhador rural.
Créditos da Resolução: Curso Objetivo
Institução: FUVEST
Ano da Prova: 2021
Assuntos: Poemas, Engenho
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