Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

Ao comparar o canavial ao mar, a imagem construída - UNIFESP 2014

Atualizado em 25/11/2024

O nada que é

Um canavial tem a extensão
ante a qual todo metro é vão.

Tem o escancarado do mar
que existe para desafiar

que números e seus afins
possam prendê-lo nos seus sins.

Ante um canavial a medida
métrica é de todo esquecida,

porque embora todo povoado
povoa-o o pleno anonimato

que dá esse efeito singular:
de um nada prenhe como o mar.

(João Cabral de Melo Neto.
Museu de tudo e depois, 1988.)

Ao comparar o canavial ao mar, a imagem construída pelo eu lírico formaliza-se em

  1. uma assimetria entre a ideia de nada e a de anonimato.

  2. uma descontinuidade entre a ideia de mar e a de cana vial.

  3. uma contradição entre a ideia de extensão e a de canavial.

  4. um paradoxo entre a ideia de nada e a de imensidão.

  5. um eufemismo entre a ideia de metro e a de medida.


Solução

Alternativa Correta: D) um paradoxo entre a ideia de nada e a de imensidão.

A resposta correta é a alternativa D porque o poema constrói uma imagem paradoxal ao comparar o canavial ao mar, especialmente no verso “um nada prenhe como o mar”. Esse verso apresenta um paradoxo evidente: o "nada", que denota vazio ou ausência, é descrito como "prenhe", ou seja, cheio, rico, carregado. Essa contradição intencional cria um efeito poético ao associar a imensidão do mar e do canavial a uma plenitude quase inefável, desafiando a lógica usual.

A relação entre "nada" e "imensidão" reforça essa construção paradoxal, pois o eu lírico descreve o canavial como algo vasto e, ao mesmo tempo, desprovido de individualidade, remetendo ao anonimato. Assim como o mar, o canavial parece infinito e inclassificável por medidas exatas ("todo metro é vão"), destacando sua singularidade que transcende a objetividade numérica.

As outras alternativas não se sustentam porque não abordam corretamente a essência da comparação. Não há assimetria (A) ou descontinuidade (B) entre as ideias apresentadas; o poema estabelece conexão entre o canavial e o mar. Não há contradição entre "extensão" e "canavial" (C), mas sim entre vazio e plenitude. Também não ocorre eufemismo (E) em relação ao "metro" e à "medida"; a ideia é de inutilidade da métrica, não suavização. Portanto, a D é a única que capta o paradoxo central.

Institução: UNIFESP

Ano da Prova: 2014

Assuntos: Interpretação Textual

Vídeo Sugerido: YouTube

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