Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

Com a referência a “jornais”, “Câmara dos Deputados”, - FAMERP 2020

Atualizado em 13/05/2024

Leia o início do conto “Luís Soares”, de Machado de Assis, para responder às questões de 03 a 06.

Trocar o dia pela noite, dizia Luís Soares, é restaurar o império da natureza corrigindo a obra da sociedade. O calor do sol está dizendo aos homens que vão descansar e dormir, ao passo que a frescura relativa da noite é a verdadeira estação em que se deve viver. Livre em todas as minhas ações, não quero sujeitar-me à lei absurda que a sociedade me impõe: velarei de noite, dormirei de dia.
Contrariamente a vários ministérios, Soares cumpria este programa com um escrúpulo digno de uma grande consciência. A aurora para ele era o crepúsculo, o crepúsculo era a aurora. Dormia 12 horas consecutivas durante o dia, quer dizer das seis da manhã às seis da tarde. Almoçava às sete e jantava às duas da madrugada. Não ceava. A sua ceia limitava-se a uma xícara de chocolate que o criado lhe dava às cinco horas da manhã quando ele entrava para casa. Soares engolia o chocolate, fumava dois charutos, fazia alguns trocadilhos com o criado, lia uma página de algum romance, e deitava-se.
Não lia jornais. Achava que um jornal era a cousa mais inútil deste mundo, depois da Câmara dos Deputados, das obras dos poetas e das missas. Não quer isto dizer que Soares fosse ateu em religião, política e poesia. Não. Soares era apenas indiferente. Olhava para todas as grandes cousas com a mesma cara com que via uma mulher feia. Podia vir a ser um grande perverso; até então era apenas uma grande inutilidade.

(Contos fluminenses, 2006.)

Com a referência a “jornais”, “Câmara dos Deputados”, “obras dos poetas” e “missas” (3.º parágrafo), o narrador

  1. relativiza o retrato do personagem como um alienado, na medida em que enumera elementos da sociedade com os quais ele se identifica.

  2. critica a homogeneidade da população, defendendo uma sociedade plural, em que cada pessoa escolha com liberdade a maneira como vive.

  3. informa que o personagem recusava-se a se envolver com certos elementos da vida em sociedade, tanto quanto se recusava a seguir os ciclos convencionais de sono e de vigília.

  4. reconhece como os hábitos da sociedade em questão são fúteis, ressaltando os benefícios para a sociedade das escolhas extravagantes de Luís Soares.

  5. revela sua parcialidade, concordando com a maneira como o personagem se comporta em relação a seus horários e às atividades sociais usuais da sociedade da época.


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