Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

Considerada no contexto histórico-social figurado no - FUVEST 2015

Atualizado em 13/05/2024

Tornando da malograda espera do tigre, alcançou o capanga um casal de velhinhos, que seguiam diante dele o mesmo caminho e conversavam acerca de seus negócios particulares. Das poucas palavras que apanhara, percebeu Jão Fera que destinavam eles uns cinquenta mil-réis, tudo quanto possuíam, à compra de mantimentos, a fim de fazer um moquirão*, com que pretendiam abrir uma boa roça.
— Mas chegará, homem? perguntou a velha.
— Há de se espichar bem, mulher!
Uma voz os interrompeu:
— Por este preço dou eu conta da roça!
— Ah! É nhô Jão!
Conheciam os velhinhos o capanga, a quem tinham por homem de palavra, e de fazer o que prometia. Aceitaram sem mais hesitação; e foram mostrar o lugar que estava destinado para o roçado.
— Acompanhou-os Jão Fera; porém, mal seus olhos descobriram entre os utensílios a enxada, a qual ele esquecera um momento no afã de ganhar a soma precisa, que sem mais deu costas ao par de velhinhos e foi-se deixando-os embasbacados.

(José de Alencar, Til.)

* moquirão = mutirão (mobilização coletiva para auxílio mútuo, de caráter gratuito).

Considerada no contexto histórico-social figurado no romance Til, a brusca reação de Jão Fera, narrada no final do excerto, explica-se

  1. pela ambição ou ganância que, no período, caracterizava os homens livres não proprietários.

  2. por sua condição de membro da Guarda Nacional, que lhe interditava o trabalho na lavoura

  3. pela indolência atribuída ao indígena, da qual era herdeiro o “bugre”.

  4. pelo estigma que a escravidão fazia recair sobre o trabalho braçal.

  5. pela ojeriza ao labor agrícola, inerente a sua condição de homem letrado.


Solução

Alternativa Correta: D) pelo estigma que a escravidão fazia recair sobre o trabalho braçal.

Alencar aproveitou-se da cena em que Jão Fera se recusa a usar a enxada para expor um problema social que já havia tematizado, por exemplo, em suas cartas políticas: o trabalho braçal, principalmente o de campo, era considerado atividade típica de escravos, o que provocava a humilhação de quem o praticava.

Créditos da Resolução: Curso Objetivo

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Recebedor: Wesley Rodrigues

Institução: FUVEST

Ano da Prova: 2015

Assuntos: Elementos Linguísticos

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