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Em relação ao Renascimento, o autor ressalta, sobretudo - UNIFESP 2022

Atualizado em 25/09/2024

Leia o trecho do texto “A invenção das crenças”, de Adauto Novaes, para responder a questão.

Nos três últimos livros publicados na série “Mutações”, procuramos analisar as principais questões postas pelas grandes transformações por que passa o Ocidente a partir das revoluções tecnocientífica, biotecnológica e da informática. Os três livros foram:
• Mutações — Novas configurações do mundo. Este primeiro livro mostra de que maneira a ciência e a técnica estão produzindo transformações sem precedentes na história, em todas as áreas da atividade humana.
• Mutações — A condição humana. No segundo livro, os ensaios respondem à questão: o que é viver neste novo mundo?
• Mutações — A experiência do pensamento. Este terceiro livro procurou analisar um problema muito específico dessa mutação: posto que ela se origina da revolução tecnocientífica e praticamente sem a ação dos pressupostos das ciências humanas, tendemos a dizer que ela é feita no vazio do pensamento. Ou melhor, vivemos uma realidade tão inteiramente nova que nem mesmo os velhos conceitos conseguem explicar o que acontece. Como escreveu, portanto, Montaigne: quando a razão falha, voltemos à experiência. O que há de peculiar na mutação hoje é que ela não recorre às “duas maiores invenções da humanidade, o passado e o futuro”. Tomemos como exemplo outra prodigiosa mutação que foi o Renascimento: ela apontava ao mesmo tempo para o futuro e para o passado, verdadeira paixão pelo novo e paixão pelo antigo. Seus eruditos, escreve o filósofo Alexandre Koyré, “exumaram todos os textos esquecidos em velhas bibliotecas monásticas: leram tudo, estudaram tudo, tudo editaram. Fizeram renascer todas as doutrinas esquecidas dos velhos filósofos da Grécia e do Oriente: Platão, Plotino, o estoicismo, o epicurismo e pitagorismo, o hermetismo e a cabala. Seus sábios tentaram fundar uma nova ciência, uma nova física, uma nova astronomia; ampliação sem precedente da imagem histórica, geográfica, científica do homem e do mundo. Efervescência confusa e fecunda de ideias novas e ideias renovadas. Renascimento de um mundo esquecido e nascimento de um mundo novo. Mas também: crítica, abalo e, enfim, destruição e morte progressiva das antigas crenças, das antigas concepções, das antigas verdades tradicionais, que davam ao homem a certeza do saber e a segurança da ação”. Nada disso vemos hoje na mutação tecnocientífica, a não ser o elogio dos fatos e dos acontecimentos técnicos e, principalmente, o elogio do presente eterno, sem passado nem futuro.

(https://artepensamento.ims.com.br. Adaptado.)

Em relação ao Renascimento, o autor ressalta, sobretudo, seu caráter

  1. ambivalente.

  2. conservador.

  3. ingênuo.

  4. dogmático.

  5. visionário.


Solução

Alternativa Correta: A) ambivalente.

A resposta correta é a alternativa A, pois o autor caracteriza o Renascimento como um período que possuía um caráter ambivalente, refletindo tanto uma valorização do novo quanto um respeito pelo antigo. O texto menciona que os eruditos da época não apenas buscavam inovações nas ciências e artes, mas também resgatavam conhecimentos esquecidos de filósofos e doutrinas do passado. Essa dualidade de olhar para o futuro enquanto se reexamina o passado é uma das principais características desse movimento.

Além disso, a ambivalência do Renascimento se manifesta na "efervescência confusa e fecunda de ideias novas e ideias renovadas". Isso implica que, embora houvesse um impulso para a inovação, a reinterpretação das tradições e a redescoberta do conhecimento antigo eram igualmente importantes. O Renascimento não se limitava a romper com o passado, mas buscava construir sobre ele, estabelecendo um diálogo entre o novo e o velho.

Por fim, o contraste entre essa ambivalência e a situação da mutação tecnocientífica atual, que se concentra exclusivamente no presente, sem recorrer ao passado ou ao futuro, ressalta ainda mais a natureza complexa e multifacetada do Renascimento. Portanto, ao destacar essa característica dual, Adauto Novaes evidencia como o Renascimento é um exemplo de um movimento intelectual rico em tensões e interações, corroborando a escolha da alternativa A.

Institução: UNIFESP

Ano da Prova: 2022

Assuntos: Interpretação Textual

Vídeo Sugerido: YouTube

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