Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

No poema, o eu lírico sente-se a) desorientado e - UNIFESP 2021

Atualizado em 28/09/2024

Leia o poema de Fernando Pessoa para responder a questão.

Cruz na porta da tabacaria!
Quem morreu? O próprio Alves? Dou
Ao diabo o bem-’star que trazia.
Desde ontem a cidade mudou.

Quem era? Ora, era quem eu via.
Todos os dias o via. Estou
Agora sem essa monotonia.
Desde ontem a cidade mudou.

Ele era o dono da tabacaria.
Um ponto de referência de quem sou.
Eu passava ali de noite e de dia.
Desde ontem a cidade mudou.

Meu coração tem pouca alegria,
E isto diz que é morte aquilo onde estou.
Horror fechado da tabacaria!
Desde ontem a cidade mudou.

Mas ao menos a ele alguém o via,
Ele era fixo, eu, o que vou,
Se morrer, não falto, e ninguém diria:
Desde ontem a cidade mudou.

(Obra poética, 1997.)

No poema, o eu lírico sente-se

  1. desorientado e melancólico.

  2. desamparado e entediado.

  3. nostálgico e orgulhoso.

  4. perplexo e eufórico.

  5. aliviado e resignado.


Solução

Alternativa Correta: A) desorientado e melancólico.

A resposta correta é a alternativa A, pois o eu lírico do poema de Fernando Pessoa expressa claramente uma sensação de desorientação e melancolia. Essa interpretação é suportada por versos que revelam um estado emocional negativo, como “Meu coração tem pouca alegria” e “E isto diz que é morte aquilo onde estou”. Esses trechos sugerem um profundo descontentamento e uma percepção de falta de propósito na vida do eu lírico.

A melancolia é ainda acentuada pela referência à morte do dono da tabacaria, que representava um “ponto de referência” em sua rotina. A morte desse personagem resulta em uma alteração significativa na cidade, o que provoca no eu lírico uma sensação de perda e de vazio existencial. A repetição da ideia de que "desde ontem a cidade mudou" reforça a ideia de que a mudança é dolorosa e gera um sentimento de desorientação, já que a familiaridade da vida diária foi subitamente interrompida.

Além disso, a desorientação é perceptível na maneira como o eu lírico se vê em relação ao mundo ao seu redor. Ele se sente quase invisível, mencionando que, se morresse, “ninguém diria”, o que destaca sua solidão e falta de conexão com os outros. Essa combinação de melancolia e desorientação existencial revela um retrato profundo da crise de identidade e da alienação, caracterizando assim a resposta como a mais apropriada.

Institução: UNIFESP

Ano da Prova: 2021

Assuntos: Interpretação Textual

Vídeo Sugerido: YouTube

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