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No poema, o eu lírico sente-se a) desorientado e - UNIFESP 2021
Leia o poema de Fernando Pessoa para responder a questão.
Cruz na porta da tabacaria!
Quem morreu? O próprio Alves? Dou
Ao diabo o bem-’star que trazia.
Desde ontem a cidade mudou.
Quem era? Ora, era quem eu via.
Todos os dias o via. Estou
Agora sem essa monotonia.
Desde ontem a cidade mudou.
Ele era o dono da tabacaria.
Um ponto de referência de quem sou.
Eu passava ali de noite e de dia.
Desde ontem a cidade mudou.
Meu coração tem pouca alegria,
E isto diz que é morte aquilo onde estou.
Horror fechado da tabacaria!
Desde ontem a cidade mudou.
Mas ao menos a ele alguém o via,
Ele era fixo, eu, o que vou,
Se morrer, não falto, e ninguém diria:
Desde ontem a cidade mudou.
(Obra poética, 1997.)
No poema, o eu lírico sente-se
-
desorientado e melancólico.
-
desamparado e entediado.
-
nostálgico e orgulhoso.
-
perplexo e eufórico.
-
aliviado e resignado.
Solução
Alternativa Correta: A) desorientado e melancólico.
A resposta correta é a alternativa A, pois o eu lírico do poema de Fernando Pessoa expressa claramente uma sensação de desorientação e melancolia. Essa interpretação é suportada por versos que revelam um estado emocional negativo, como “Meu coração tem pouca alegria” e “E isto diz que é morte aquilo onde estou”. Esses trechos sugerem um profundo descontentamento e uma percepção de falta de propósito na vida do eu lírico.
A melancolia é ainda acentuada pela referência à morte do dono da tabacaria, que representava um “ponto de referência” em sua rotina. A morte desse personagem resulta em uma alteração significativa na cidade, o que provoca no eu lírico uma sensação de perda e de vazio existencial. A repetição da ideia de que "desde ontem a cidade mudou" reforça a ideia de que a mudança é dolorosa e gera um sentimento de desorientação, já que a familiaridade da vida diária foi subitamente interrompida.
Além disso, a desorientação é perceptível na maneira como o eu lírico se vê em relação ao mundo ao seu redor. Ele se sente quase invisível, mencionando que, se morresse, “ninguém diria”, o que destaca sua solidão e falta de conexão com os outros. Essa combinação de melancolia e desorientação existencial revela um retrato profundo da crise de identidade e da alienação, caracterizando assim a resposta como a mais apropriada.
Institução: UNIFESP
Ano da Prova: 2021
Assuntos: Interpretação Textual
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