Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

No segundo parágrafo do texto, empregam-se as aspas no - UNIFESP 2013

Atualizado em 27/11/2024

O silêncio é a matéria significante por excelência, um continuum significante. O real da comunicação é o silêncio. E como o nosso objeto de reflexão é o discurso, chegamos a uma outra afirmação que sucede a essa: o silêncio é o real do discurso.

O homem está “condenado” a significar. Com ou sem palavras, diante do mundo, há uma injunção à “interpretação”: tudo tem de fazer sentido (qualquer que ele seja). O homem está irremediavelmente constituído pela sua relação com o simbólico.

Numa certa perspectiva, a dominante nos estudos dos signos, se produz uma sobreposição entre linguagem (verbal e não-verbal) e significação.

Disso decorreu um recobrimento dessas duas noções, resultando uma redução pela qual qualquer matéria significante fala, isto é, é remetida à linguagem (sobretudo verbal) para que lhe seja atribuído sentido. Nessa mesma direção, coloca-se o “império do verbal” em nossas formas sociais: traduz-se o silêncio em palavras. Vê-se assim o silêncio como linguagem e perde-se sua especificidade, enquanto matéria significan te distinta da linguagem.

(Eni Orlandi. As formas do silêncio, 1997.)

No segundo parágrafo do texto, empregam-se as aspas no termo “condenado” para

  1. atribuir-lhe um segundo sentido, equivalente a culpado.

  2. reforçar-lhe o sentido contextual, equivalente a predestinado.

  3. marcá-lo com sentido conotativo, equivalente a reprovável.

  4. enfatizar-lhe o sentido denotativo, equivalente a desgraçado.

  5. destituí-lo do sentido literal, equivalente a buliçoso.


Solução

Alternativa Correta: B) reforçar-lhe o sentido contextual, equivalente a predestinado.

A alternativa correta é B) reforçar-lhe o sentido contextual, equivalente a predestinado. No segundo parágrafo do texto de Eni Orlandi, o uso das aspas em torno do termo "condenado" tem a intenção de conferir ao termo um sentido mais amplo e contextualizado, além do seu significado literal, que remeteria à ideia de alguém culpado ou punido. A autora utiliza as aspas para indicar que a "condenação" do homem não é uma punição, mas sim uma condição inerente à sua existência, isto é, o homem está "predestinado" ou "obrigado" a significar, ou seja, ele é compelido a interpretar o mundo, com ou sem palavras, atribuindo sentido a tudo o que o rodeia.

Essa escolha de palavras sugere que o ser humano está irremediavelmente inserido em um processo simbólico e interpretativo, onde é impossível escapar da necessidade de significar. Não se trata de uma sentença ou castigo, mas de uma característica essencial da condição humana: o homem não pode deixar de procurar sentido em tudo, seja por meio da linguagem ou através de outros meios simbólicos. O termo "condenado", assim, é usado de forma a destacar a inevitabilidade dessa tarefa existencial.

Portanto, as aspas servem para atenuar o sentido de punição associado ao termo "condenado" e para reforçar sua conotação de destino ou predestinação, que é mais alinhada com o argumento filosófico de que o homem é, de alguma forma, "forçado" a dar sentido ao mundo à sua volta, sempre buscando compreender e interpretar a realidade.

Institução: UNIFESP

Ano da Prova: 2013

Assuntos: Interpretação Textual

Vídeo Sugerido: YouTube

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