Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas
Se a civilização era enaltecida por Jacinto, era de - UNIFESP 2010
Jacinto e eu, José Fernandes, ambos nos encontramos e acamaradamos em Paris, nas escolas do Bairro Latino – para onde me mandara meu bom tio Afonso Fernandes Lorena de Noronha e Sande, quando aqueles malvados me riscaram da universidade por eu ter esborrachado, numa tarde de procissão, na Sofia, a cara sórdida do Dr. Pais Pita.
Ora nesse tempo Jacinto concebera uma ideia... Este príncipe concebera a ideia de que o homem só é “superiormente feliz quando é superiormente civilizado”. E por homem civilizado o meu camarada entendia aquele que, robustecendo a sua força pensante com todas as noções adquiridas desde Aristóteles, e multiplicando a potência corporal dos seus órgãos com todos os mecanismos inventados desde Teramenes, criador da roda, se torna um magnífico Adão quase onipotente, quase onisciente, e apto portanto a recolher dentro de uma sociedade e nos limites do progresso (tal como ele se comportava em 1875) todos os gozos e todos os proventos que resultam de saber e de poder... Pelo menos assim Jacinto formulava copiosamente a sua ideia, quando conversávamos de fins e destinos humanos, sorvendo bocks poeirentos, sob o toldo das cervejarias filosóficas, no Boulevard Saint-Michel.
Este conceito de Jacinto impressionara os nossos camaradas de cenáculo, que tendo surgido para a vida intelectual, de 1866 a 1875, entre a Batalha de Sadowa e a Batalha de Sedan e ouvindo constantemente desde então, aos técnicos e aos filósofos, que fora a espingarda de agulha que vencera em Sadowa e fora o mestre-deescola quem vencera em Sedan, estavam largamente preparados a acreditar que a felicidade dos indivíduos, como a das nações, se realiza pelo ilimitado desenvolvimento da mecânica e da erudição. Um desses moços mesmo, o nosso inventivo Jorge Calande, reduzira a teoria de Jacinto, para lhe facilitar a circulação e lhe condensar o brilho, a uma forma algébrica:
Se a civilização era enaltecida por Jacinto, era de se esperar que, para ele, a vida apartada do progresso
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ficaria consideravelmente limitada, reduzindo-se a prática intelectual.
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aguçaria a intelectualidade, ampliando a relação do homem com o saber.
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daria espaço para o real sentido de viver e de tornar-se uma pessoa feliz.
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quilibraria a relação do homem com o saber, permitindo-lhe ser pleno e feliz.
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impediria a felicidade do homem, sem, contudo, influenciar a prática intelectual.
Solução
Alternativa Correta: A) ficaria consideravelmente limitada, reduzindo-se a prática intelectual.
A alternativa correta é A) ficaria consideravelmente limitada, reduzindo-se a prática intelectual, pois o conceito de Jacinto sobre a civilização está fortemente ligado ao progresso, tanto intelectual quanto técnico. Para Jacinto, a felicidade "superior" do homem só seria alcançada quando ele se tornasse um ser altamente civilizado, ou seja, alguém que tenha ampliado sua força pensante através do conhecimento (como o de Aristóteles) e também multiplicado a potência corporal com as invenções tecnológicas. Assim, ele acredita que o homem não pode atingir a plena felicidade sem o desenvolvimento do saber e do progresso científico, os quais são essenciais para a sua realização.
De acordo com Jacinto, o homem que vive à parte desse progresso — que se dedica apenas à prática intelectual sem o suporte das invenções e avanços tecnológicos — terá uma vida limitada, pois não alcançaria a felicidade plena associada ao desenvolvimento da mente e do corpo. A vida isolada do progresso resultaria, portanto, em uma existência reduzida à mera intelectualidade, sem a capacidade de atingir a felicidade ideal que ele defende, que requer tanto a sabedoria quanto o poder proporcionados pela civilização avançada.
As demais alternativas não refletem a concepção de Jacinto, que vê a civilização e o progresso como inseparáveis e fundamentais para a felicidade humana. Ele não considera que uma vida afastada do progresso possa oferecer verdadeira felicidade ou que permita um equilíbrio pleno entre saber e felicidade. Por isso, a alternativa A é a mais adequada.
Institução: UNIFESP
Ano da Prova: 2010
Assuntos: Interpretação Textual
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