Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas
Mais recorrente na poesia arcádica, verifica-se neste - UNIFESP 2017
Leia o soneto “A uma dama dormindo junto a uma fonte”, do poeta barroco Gregório de Matos (1636-1696), para responder a questão.
À margem de uma fonte, que corria,
Lira doce dos pássaros cantores
A bela ocasião das minhas dores
Dormindo estava ao despertar do dia.
Mas como dorme Sílvia, não vestia
O céu seus horizontes de mil cores;
Dominava o silêncio entre as flores,
Calava o mar, e rio não se ouvia.
Não dão o parabém à nova Aurora
Flores canoras, pássaros fragrantes,
Nem seu âmbar respira a rica Flora.
Porém abrindo Sílvia os dois diamantes,
Tudo a Sílvia festeja, tudo adora
Aves cheirosas, flores ressonantes.
(Poemas escolhidos, 2010.)
Mais recorrente na poesia arcádica, verifica-se neste soneto barroco o recurso, sobretudo, ao seguinte lema latino:
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“locus horrendus” (“lugar horrível”).
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“locus amoenus” (“lugar aprazível”).
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“memento mori” (“lembra-te da morte”).
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“inutilia truncat” (“corta o inútil”).
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“carpe diem” (“aproveite o dia”).
Solução
Alternativa Correta: B) “locus amoenus” (“lugar aprazível”).
A resposta correta é a alternativa B), que indica a presença do lema latino "locus amoenus" (“lugar aprazível”) no soneto de Gregório de Matos. Esse recurso é evidente pela descrição do ambiente ao redor da dama, onde elementos da natureza se combinam para criar uma atmosfera harmoniosa e tranquila. A imagem da fonte, os pássaros cantores e as flores são representações típicas de um "locus amoenus", caracterizando um cenário ideal e propício para o amor e a contemplação.
Ao longo do soneto, o autor utiliza imagens bucólicas que acentuam a beleza do lugar. A primeira estrofe menciona a "margem de uma fonte" e "a lira doce dos pássaros", enquanto a segunda estrofe descreve um ambiente de silêncio e calma, onde o mar está calado e o rio não se ouve. Essa composição evoca a sensação de paz e tranquilidade, reforçando a ideia de um espaço aprazível que favorece o idílio amoroso, uma característica central da poesia bucólica e, consequentemente, do lema "locus amoenus".
Além disso, a última estrofe destaca a figura de Sílvia, que ao abrir os olhos transforma todo o cenário, fazendo com que "tudo a Sílvia festeja, tudo adora". Isso reforça a ideia de que a beleza e a vivacidade do ambiente estão diretamente ligadas à presença da amada, evidenciando ainda mais o caráter aprazível do lugar. Em contraste, os outros lemas latinos mencionados não se aplicam ao contexto do soneto, pois não refletem a serenidade e a beleza do espaço descrito.
Institução: UNIFESP
Ano da Prova: 2017
Assuntos: Interpretação Textual
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