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Trabalhar com as ideias de Foucault nos faz pensar que não se deve

Atualizado em 29/02/2024

Trabalhar com as ideias de Foucault nos faz pensar que não se deve buscar soluções, mas sim produzir problemas, pois assim ao problematizar as práticas cotidianas, podemos pensar o que estamos fazendo de nós. Não é a ideia de que tudo é ruim, mas sim, de que há algumas relações perigosas. E são relações de poder, sendo o poder não algo que se possui, mas que se exerce a partir de práticas dadas em toda a extensão da sociedade. Não parte de um lugar somente ou específico, mas é capilarizado por todas as tramas que se constroem em nossas relações. Quanto menos visível, mais o poder se torna poderoso e sua governamentabilidade intermeia por toda a sociedade. Assim sendo, o poder é uma estratégia, mais que uma propriedade, e não é algo violento, pois positivamente produz regulações, como em nosso interesse, sobre a sexualidade.

A partir do olhar de Michel Foucault, filósofo francês, a sexualidade:

a) atua como um dispositivo histórico onde institui a partir de relações de poder, saberes e verdades que incitam e disciplinam para estabelecer a ordem sobre os corpos e sujeitos no que concerne a sua sexualidade.
b) institui-se como parâmetro de correta conduta sexual permitindo organizar a natureza humana de maneira a controlar por meio da repressão tudo aquilo que não condiz com o que já está estabelecido há tempos.
c) trabalha com a ideia da "hipótese repressiva", considerando que a sociedade ocidental teria suprimido a sexualidade desde o século XVII até meados do século XX.
d) no ocidente entre os séculos XVIII e XIX, cada vez mais foi se dissociando da identidade das pessoas.
e) é entender melhor como deve ser o homem e seu lugar na sociedade e estabelecer também o lugar da mulher para que a sociedade possa funcionar normalmente.


Solução

Alternativa correta: a) atua como um dispositivo histórico onde institui a partir de relações de poder, saberes e verdades que incitam e disciplinam para estabelecer a ordem sobre os corpos e sujeitos no que concerne a sua sexualidade. De acordo com o gabarito AVA.

A sexualidade, segundo Foucault, atua como um dispositivo histórico onde institui a partir de relações de poder, saberes e verdades que incitam e disciplinam para estabelecer a ordem sobre os corpos e sujeitos no que concerne a sua sexualidade. Logo, a alternativa A está correta.
Michel Foucault é um dos autores mais influentes nas universidades brasileiras.
Herdeiro de uma modalidade de pensamento característica do marxismo, este pensador francês, com seu toque, basicamente afirma que, diante de qualquer ideia ou afirmação, não interessa saber se ela é verdadeira ou falsa, se corresponde ou não à realidade dos fatos. Só interessa saber qual “esquema de poder” ela defende. E só há dois esquemas de poder: o dos “opressores” e o dos “oprimidos”, do mesmo modo como em Karl Marx há “burgueses” e “proletários”.
A pretensão de julgar as ideias pela sua veracidade ou falsidade é ela mesma um “esquema de poder” a serviço dos “opressores”, segundo Foucault. Cada episteme (estrutura de "saber"), para Foucault, é serva de algum poder ascendente e teve, como a sua principal função, a criação de uma verdade que serve ao interesse do poder. Assim, toda verdade estabelecida é necessariamente uma verdade conveniente.
O problema é que, ao fazer tal denúncia, Foucault incide no que ele mesmo critica: sua pretensão de dizer a verdade denota um raciocínio circular que pouco ou nada diz:
negar a verdade é uma forma de dizer uma verdade.
Retoricamente, a filosofia de Foucault permanece firme como técnica de denúncia e crítica de qualquer "esquema de poder" imaginável . Seus longos estudos sobre o sistema penitenciário, à instituição dos hospícios e à história da sexualidade mostram um esforço de provar com fatos e documentos - questionáveis por alguns historiadores - a correspondência entre as ideias e os grupos de interesse que elas, no seu entender, representavam.
Fica a questão, contudo:
tal forma de desmascarar revela, de fato, a verdade sobre o assunto tratado, ou não é, pelo contrário, uma nova e sofisticada forma de mentira?
Ao reduzir toda vida humana às epistemes e interesses de poder - até a herança biológica humana estaria presa nestas estruturas - Foucault dá o tom característico do pensamento contemporâneo: a denúncia incessante de "poderes" por trás de cada noção humana estabelecida histórica e naturalmente.
As denúncias foucaultianas geram ainda outro problema: um "poder" em si não é nem bom nem ruim. Ao removê-los via crítica, Foucault também remove aquelas dimensões do pensamento humano e da ação que permitem avaliar as virtudes relativas de nossas instituições e da humanidade em geral. Assim, ele aponta para uma tirania ainda maior do que aquela contra a qual ele luta.
Nas palavras de Roger Scruton, filósofo inglês, "sua busca de profundidade é o maior sinal de superficialidade. Ela não revela a essência do homem, de sua ação e pensamentos, mas somente a substancia subjacente da qual as instituições humanas e a própria vida são feitas."

Resolução adaptada de: Brainly

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