Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

No princípio era o caderno Quando mocinhas, elas podiam escrever

Atualizado em 29/02/2024

No princípio era o caderno


Quando mocinhas, elas podiam escrever seus pensamentos e estados d’alma (em prosa e verso) nos diários de capa acetinada com vagas pinturas representando flores ou pombinhos brancos levando um coração no bico. Nos diários mais simples, cromos coloridos de cestinhos floridos ou crianças abraçadas a um cachorro. Depois de casadas, não tinha mais sentido pensar sequer em guardar segredos, que segredo de mulher casada só podia ser bandalheira. Restava o recurso do cadernão do dia a dia, onde, de mistura com os gastos da casa cuidadosamente anotados e somados no fim do mês, elas ousavam escrever alguma lembrança ou uma confissão que se juntava na linha adiante com o preço do pó de café e da cebola.

Minha mãe guardava um desses cadernos que pertencera à minha avó Belmira. Me lembro da capa dura, recoberta com um tecido de algodão preto. A letrinha vacilante, bem desenhada, era menina quando via minha mãe recorrer a esse caderno para conferir uma receita de doce ou a receita de um gargarejo. “Como mamãe escrevia bem! – Observou ela mais de uma vez. – Que pensamentos e que poesias, como era inspirada!”.

Vejo nas tímidas inspirações desse cadernão (que se perdeu num incêndio) um marco das primeiras arremetidas da mulher brasileira na chamada carreira de letras – um ofício de homem.

(A disciplina do amor. Rocco, 1998.)

Assinale a alternativa correta de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.

a) Os diários, em cujas capas traziam imagens românticas, eram muito apreciados pelas mocinhas da época.
b) Nas páginas dos cadernões, cujo o valor das compras era registrado minuciosamente, também havia lembranças e confissões.
c) No tempo presente, onde se relembra de sua mãe, a narradora a descreve manuseando um desses antigos cadernos.
d) O cadernão do dia a dia, companheiro inseparável das mulheres casadas, era onde jamais se deveriam anotar segredos.
e) Existia o caderno da avó Belmira, guardado com muito carinho, ao qual a mãe da narradora admirava a escrita caprichosa e a escolha dos poemas.


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