Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

A análise do soneto revela como tema e recursos poético - UNIFESP 2015

Atualizado em 31/10/2024

Leia o soneto de Cruz e Sousa.

Silêncios

“Largos Silêncios interpretativos,
Adoçados por funda nostalgia,
Balada de consolo e simpatia
Que os sentimentos meus torna cativos;

Harmonia de doces lenitivos,
Sombra, segredo, lágrima, harmonia
Da alma serena, da alma fugidia
Nos seus vagos espasmos sugestivos.

Ó Silêncios! ó cândidos desmaios,
Vácuos fecundos de celestes raios
De sonhos, no mais límpido cortejo...

Eu vos sinto os mistérios insondáveis
Como de estranhos anjos inefáveis
O glorioso esplendor de um grande beijo!

(Cruz e Sousa. Broquéis, Faróis. Últimos Sonetos, 2008.)

A análise do soneto revela como tema e recursos poéticos, respectivamente:

  1. a aura de mistério e de transcendentalidade suaviza o sofrimento do eu lírico; rimas alternadas e sinestesias se evidenciam nos versos de redondilha maior.

  2. o esforço de superação do sofrimento coexiste com o esgotamento das forças do eu lírico; assonâncias e metonímias reforçam os contrastes das rimas alternadas em versos livres.

  3. a religiosidade como forma de superação do sofrimento humano; metáforas e antíteses reforçam o negativismo da desagregação existencial nos versos livres.

  4. a apresentação da condição existencial do eu lírico, marcada pelo sofrimento, em uma abordagem transcendente; assonâncias e aliterações reforçam a sonoridade nos versos decassílabos.

  5. o apelo à subjetividade e à espiritualidade denota a conciliação entre o eu lírico e o mundo; metáforas e sinestesias reforçam o sentido de transcendentalidade nos versos de doze sílabas.


Solução

Alternativa Correta: D) a apresentação da condição existencial do eu lírico, marcada pelo sofrimento, em uma abordagem transcendente; assonâncias e aliterações reforçam a sonoridade nos versos decassílabos.

A alternativa D é a correta porque descreve de forma precisa a condição existencial do eu lírico, que é marcada pelo sofrimento e busca uma abordagem transcendente em relação a isso. O soneto de Cruz e Sousa revela um eu lírico que vive em um estado de melancolia e introspecção, expressando sua dor e sua busca por consolo no silêncio. A menção a “silêncios interpretativos” e a “funda nostalgia” enfatiza essa sensação de anseio e sofrimento, ao mesmo tempo em que sugere uma busca por compreensão e transcendência através da reflexão sobre a dor.

Além disso, a análise da estrutura poética revela que o soneto é composto por versos decassílabos, que conferem uma musicalidade característica ao texto. Os recursos sonoros, como a assonância e a aliteração, são evidentes e contribuem para a sonoridade do poema. A repetição das vogais “a” e “o”, bem como a consoante “s”, cria uma harmonia que acentua a intensidade emocional e a musicalidade, refletindo o estado de espírito do eu lírico. Assim, a sonoridade reforça a experiência subjetiva do sofrimento e a busca por um significado mais profundo.

Por fim, a escolha de palavras e imagens poéticas, como “vácuos fecundos de celestes raios” e “mistérios insondáveis”, indica uma abordagem transcendental que vai além do sofrimento imediato, sugerindo uma esperança de descoberta e de beleza que reside no silêncio e na reflexão. Essa análise reforça que o eu lírico não está apenas expressando dor, mas também tentando alcançar um entendimento mais elevado de sua condição existencial, o que faz da alternativa D a mais apropriada.

Institução: UNIFESP

Ano da Prova: 2015

Assuntos: Interpretação Textual

Vídeo Sugerido: YouTube

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