Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas
O termo sublinhado em “nunca afirmei que a emoção era - UNIFESP 2023
Leia o trecho do livro O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano, do neurocientista português António Rosa Damásio, para responder a questão.
O principal enfoque em O erro de Descartes é a relação entre emoção e razão. Baseado em meu estudo de pacientes neurológicos que apresentavam deficiências na tomada de decisão e distúrbios da emoção, construí a hipótese de que a emoção era parte integrante do processo de raciocínio e poderia auxiliar esse processo ao invés de, como se costumava supor, necessariamente perturbá-lo. Hoje em dia essa ideia já não causa espécie, mas na época em que a apresentei muita gente estranhou, e mesmo a recebeu com certo ceticismo. Tudo sopesado, a ideia, em grande medida, foi aceita e até, em certos casos, acolhida com tanta sofreguidão que acabou deturpada. Por exemplo, nunca afirmei que a emoção era um substituto para a razão, mas em algumas versões superficiais depreendia-se que minha ideia era que se você seguisse o coração em vez da razão tudo daria certo.
Na verdade, em certas ocasiões a emoção pode ser um substituto para a razão. O programa de ação emocional que denominamos medo pode afastar rapidamente do perigo a maioria dos seres humanos com pouca ou nenhuma ajuda da razão. Um esquilo ou um pássaro não pensa para reagir a uma ameaça, e o mesmo pode acontecer a um humano. Aí é que está a beleza no modo como a emoção tem funcionado no decorrer da evolução: ela abre a possibilidade de levar seres vivos a agir de maneira inteligente sem precisar pensar com inteligência. Acontece que, nos humanos, essa história tornou-se mais complexa, para o bem e para o mal. O raciocínio faz o que fazem as emoções, mas alcança o resultado conscientemente. O raciocínio nos dá a opção de pensar com inteligência antes de agir de maneira inteligente, e isso é bom: descobrimos que muitos dos problemas que encontramos em nosso complexo ambiente podem ser resolvidos apenas com emoções, porém não todos, e nestas ocasiões as soluções que a emoção oferece são, na realidade, contraproducentes.
Mas como evoluiu nas espécies complexas o sistema de raciocínio inteligente? A proposta inovadora em O erro de Descartes é que o sistema de raciocínio evoluiu como uma extensão do sistema emocional automático, com a emoção desempenhando vários papéis no processo de raciocínio.
(O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro
humano, 2012. Adaptado.)
O termo sublinhado em “nunca afirmei que a emoção era um substituto para a razão” (1.o parágrafo) pertence à mesma classe gramatical do termo sublinhado em:
-
“na época em que a apresentei muita gente estranhou” (1. parágrafo).
-
“O raciocínio nos dá a opção de pensar com inteligência” (2. parágrafo).
-
“a hipótese de que a emoção era parte integrante do processo de raciocínio” (1.o parágrafo).
-
“na época em que a apresentei muita gente estranhou” (1 parágrafo).
-
“O raciocínio nos dá a opção de pensar com inteligência antes de agir de maneira inteligente” (2. parágrafo).
Solução
Alternativa Correta: C) “a hipótese de que a emoção era parte integrante do processo de raciocínio” (1.o parágrafo).
A resposta correta para esta pergunta é a alternativa c) "construí a hipótese de que a emoção era parte integrante do processo de raciocínio". Este verbo está na conjugação pretérito perfeito do indicativo, que é usado para expressar ações completas ocorridas no passado.
O verbo "construí" é um exemplo perfeito de uso do pretérito perfeito do indicativo. Ele indica que a ação de construir a hipótese ocorreu uma única vez no passado e está completa. O autor está relatando um evento específico que aconteceu anteriormente, quando ele formulou sua teoria sobre a relação entre emoção e raciocínio.
Este uso do pretérito perfeito é comum em contextos científicos e acadêmicos, onde os autores frequentemente referem-se a eventos ou descobertas passadas que levaram ao desenvolvimento de suas ideias atuais. Ao usar este tempo verbal, o autor estabelece uma conexão clara entre seu trabalho passado e sua compreensão atual sobre o tema, demonstrando como sua teoria evoluiu ao longo do tempo.
Institução: UNIFESP
Ano da Prova: 2022
Assuntos: Interpretação Textual
Vídeo Sugerido: YouTube