Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

Leia um trecho do “Manifesto do Futurismo” publicado - UNIFESP 2017

Atualizado em 29/10/2024

Leia um trecho do “Manifesto do Futurismo” publicado por Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944) no ano de 1909.

Nós cantaremos as grandes multidões movimentadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela revolta; as marés multicoloridas e polifônicas das revoluções nas capitais modernas; a vibração noturna dos arsenais e dos estaleiros sob suas luas elétricas; as estações glutonas comedoras de serpentes que fumam; as usinas suspensas nas nuvens pelos barbantes de suas fumaças; os navios aventureiros farejando o horizonte; as locomotivas de grande peito, que escoucinham os trilhos, como enormes cavalos de aço freados por longos tubos, e o voo deslizante dos aeroplanos, cuja hélice tem os estalos da bandeira e os aplausos da multidão entusiasta.

(Apud Gilberto Mendonça Teles. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro, 1992. Adaptado.)

Em consonância com este preceito do Futurismo estão os seguintes versos, extraídos da produção poética de Fernando Pessoa (1888-1935):

  1. Nas cidades a vida é mais pequena
    Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
    Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
    Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para
    [longe de todo o céu,
    Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os
    [nossos olhos nos podem dar,
    E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é
    [ver.

  2. Ontem à tarde um homem das cidades
    Falava à porta da estalagem.
    Falava comigo também.
    Falava da justiça e da luta para haver justiça
    E dos operários que sofrem,
    E do trabalho constante, e dos que têm fome,
    E dos ricos, que só têm costas para isso.
    E, olhando para mim, viu-me lágrimas nos olhos
    E sorriu com agrado, julgando que eu sentia
    O ódio que ele sentia, e a compaixão
    Que ele dizia que sentia.

  3. Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
    Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
    Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do
    [outro
    Ouvindo correr o rio e vendo-o.
    Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as No colo, e que o seu perfume suavize o momento –
    Este momento em que sossegadamente não cremos em
    [nada,

  4. Levando a bordo El-Rei dom Sebastião,
    E erguendo, como um nome, alto o pendão
    Do Império,
    Foi-se a última nau, ao sol aziago
    Erma, e entre choros de ânsia e de pressago
    Mistério.
    Não voltou mais. A que ilha indescoberta
    Aportou? Voltará da sorte incerta
    Que teve?

  5. Amo-vos a todos, a tudo, como uma fera.
    Amo-vos carnivoramente,
    Pervertidamente e enroscando a minha vista
    Em vós, ó coisas grandes, banais, úteis, inúteis,
    Ó coisas todas modernas,
    Ó minhas contemporâneas, forma atual e próxima
    Do sistema imediato do Universo!
    Nova Revelação metálica e dinâmica de Deus!


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