Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

De acordo com o autor, “ao falar, temos que obedecer à - UNIFESP 2015

Atualizado em 31/10/2024

Leia o texto para responder a questão.

A palavra falada é um fenômeno natural: a palavra escrita é um fenômeno cultural. O homem natural pode viver perfeitamente sem ler nem escrever. Não o pode o homem a que chamamos civilizado: por isso, como disse, a palavra escrita é um fenômeno cultural, não da natureza mas da civilização, da qual a cultura é a essência e o esteio. Pertencendo, pois, a mundos (mentais) essencialmente diferentes, os dois tipos de palavra obedecem forçosamente a leis ou regras essencialmente diferentes. A palavra falada é um caso, por assim dizer, democrático. Ao falar, temos que obedecer à lei do maior número, sob pena de ou não sermos compreendidos ou sermos inutilmente ridículos. Se a maioria pronuncia mal uma palavra, temos que a pronunciar mal. Se a maioria usa de uma construção gramatical errada, da mesma construção teremos que usar. Se a maioria caiu em usar estrangeirismos ou outras irregularidades verbais, assim temos que fazer. Os termos ou expressões que na linguagem escrita são justos, e até obrigatórios, tornam-se em estupidez e pedantaria, se deles fazemos uso no trato verbal. Tornam-se até em má-criação, pois o preceito fundamental da civilidade é que nos conformemos o mais possível com as maneiras, os hábitos, e a educação da pessoa com quem falamos, ainda que nisso faltemos às boas-maneiras ou à etiqueta, que são a cultura exterior.

(Fernando Pessoa, A língua portuguesa. 1999. Adaptado.)

De acordo com o autor, “ao falar, temos que obedecer à lei do maior número”. Atendendo a esse princípio, para o por tuguês oral contemporâneo, está adequado o enun - ciado:

  1. Olvidei-me de trazer seu livro. Assistia a um filme deveras interessante. Você não se sente chateado por isso, não é mesmo?

  2. Caso assistisse a um filme e esquecesse teu livro... Sentir-te-ias magoado com esse meu comportamento?

  3. Cara, @#$&*...! Demorô!!! O fdm nem tchum... E pá... ☺ E o livro... Nem...  Que m***a!!!

  4. Me esqueci de trazer seu livro, porque fiquei assistindo um filme. Cê não tá chateado por causa disso, né?

  5. Nóis ia lê o livro na aula, mais fiquei veno TV, sistino um firme e isquici dele. Ocê tá chateado cumigu não né?


Solução

Alternativa Correta: D) Me esqueci de trazer seu livro, porque fiquei assistindo um filme. Cê não tá chateado por causa disso, né?

A resposta correta é a alternativa D, pois ela representa o português oral contemporâneo conforme discutido no texto. O autor ressalta que a língua falada adapta-se às normas do "maior número", ou seja, à forma usada pela maioria das pessoas em seu contexto diário. Assim, expressões da linguagem escrita formal, que exigem padrões gramaticais mais rígidos, são vistas como pedantes na fala cotidiana.

Na alternativa D, observamos essa adaptação popular, como o uso de "cê" em vez de "você" e a simplificação de "está" para "tá". Além disso, há a ausência da preposição "a" após o verbo "assistir" e o uso de marcadores conversacionais como "né", comuns na fala informal. Esse estilo reflete o fenômeno democrático da linguagem falada descrito pelo autor, que prioriza a compreensão e a adaptação social.

As outras alternativas incluem formas formais e rebuscadas ou coloquialismos que não representam o português falado na maioria das situações contemporâneas, como é o caso das alternativas A e B. Assim, a alternativa D está mais alinhada com o princípio de "obedecer à lei do maior número", conforme proposto por Fernando Pessoa.

Institução: UNIFESP

Ano da Prova: 2015

Assuntos: Interpretação Textual

Vídeo Sugerido: YouTube

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